Depois que levei um caldo assustador em Ubatuba, procurei melhorar meu desempenho, evitando outros perrengues como esse. Foi quando eu descobri que existia um curso de apneia para surfistas.
Demorei para fazer por que eu tinha muito o que evoluir antes e foi quando a melhor oportunidade surgiu.
A Suelen Naraisa, e algumas amigas, organizaram uma turma para esse curso, justamente em Ubatuba.
Lugar, curso, companhias e datas alinhadas na melhor combinação possível, embarquei de cabeça nessa.
Curso de Apneia para Surfistas por Christian Dequeker
Conheci o Curso de Apneia para Surfistas pela internet e depois de pesquisar um pouco mais sobre ele.
Eles tem algum tempo no mercado e recebi algumas indicações deles, dentre as opções que encontrei foi a melhor.
Foram dois dias, um com aula teórica + exercícios na piscina e outro com prática no mar.
Já adianto que o curso vale muito a pena, mas existem pontos importantes a serem considerados e explico melhor a seguir.
Sou uma pessoa ansiosa e depois do caldo que levei peguei trauma de ir para o outside (trabalhei durante meses para superá-lo) mas hoje considero esse assunto quase resolvido.
Porém, existem situações que me trazem esse momento à tona, como foi o caso do curso, com a prática no mar.
Explico abaixo junto com os detalhes do curso separados em 4 pontos que considerei mais marcantes:
Técnica
A técnica ensinada é essencial para o autoconhecimento e logo de cara você percebe que os caras sabem o que estão fazendo.
Logo no início tivemos que marcar o tempo que conseguíamos ficar em apneia para acompanharmos a evolução.
A minha foi incrível: de 59s fui para 1’55” só com a técnica em sala de aula, e depois da prática na piscina, saltei para os incríveis 2’47”.
Entenda, eu era a pessoa que nunca passava dos 30s sem respirar, me esforçando muito.
É claro que sempre depende de cada um mas, todos tiveram alguma evolução, o importante foi a superação.
Saindo da zona de Conforto
Sair da zona de conforto foi uma das principais lições, para fazer valer a pena, era preciso sim se esforçar.
Esse foi o mais importante input para a minha evolução, tanto na piscina quanto no mar.
Medo
Já no segundo dia, tivemos mais uma conversa na areia antes de irmos para a prática: segurança vem em primeiro lugar.
Vale ressaltar que a equipe do curso estava reforçada com outros surfistas experientes e salva-vidas para dar apoio.
Esse foi o momento mais difícil para mim apesar de eu estar confiante e o mar tranquilo (meio metro).
Mas era o mar de Itamambuca: mais forte do que eu estou acostumada e que me fez lembrar o caldo que eu já havia tomado e quase me afoguei (também em Ubatuba).
Entramos no mar e a lembrança do caldo veio logo no início, me fazendo perder a respiração e a concentração.
Depois de passar algumas outras ondas com a minha dupla, Sinalizei que não estava tão bem para a equipe.
Eu tive em uma crise de ansiedade e ter todas essas pessoas próximas foi crucial.
Eles me deram a opção de voltar, mas senti que precisava passar por aquilo, então pedi que me ajudassem a passar.
Me rebocaram de costa com um braço só, dando aquela humilhada de leve hahaha, e me deram uma boia para recuperar a respiração e conseguir continuar a prática.
Choro
Voltar para a areia foi um pouco mais fácil mas eu ainda estava sob o impacto da ida rs.
Quando chegamos na areia eu estava transtornada e não sabia se conseguiria voltar.
Comecei a chorar por que era algo que queria muito, mas estava bem difícil.
Foi aí que minhas amigas começaram a me confortar e então resolvi tentar de novo.
Ao voltar grudei na salva-vidas que estava nos acompanhando e na sequencia a Suelen Naraisa se juntou: ela foi da primeira onda até chegarmos no fundo falando na minha orelha: calma, respira, olha a série, afunda, sobe, respira, calma.
Ela fez um trabalho psicológico excepcional, que me fez conseguir chegar até o fundo e voltar bem.
É nessas horas que comprovamos o quanto esses profissionais são bons.
Eu já conhecia a Suelen, mas ver ela em ação brilhou meus olhos, pela sensibilidade, concentração e capacidade de cuidar de tantas pessoas ao mesmo tempo (ela estava me ajudando e ainda dando instruções para os que estavam à volta).
Superação
Se eu tivesse voltado na primeira dificuldade (primeira onda do dia), não teria me perdoado.
É claro que cada um sabe o seu limite e precisa ouvir suas vozes internas, teve gente que não entrou e está tudo bem também (cada um no seu tempo), mas para mim, ficar na areia teria sido muito frustrante e não me perdoaria por não ter tentado mais.
No fim, foi a decisão mais acertada por que eu estava com profissionais extremamente competentes, em um ambiente amigável e com todo o apoio necessário (o das amigas também foi muito importante).
O curso teve esse gostinho a mais e, para mim, quanto mais difícil melhor é a sensação da conquista hehe.
Eu precisei trabalhar os meus medos, mas teve muita gente que lidou de forma mais tranquila, claro que também se cansaram e tiveram que se superar, mas era para isso que estávamos lá.
Com certeza é um curso que vale a pena, ajuda no autoconhecimento e no treino para sabermos lidar com situações difíceis no mar, além disso, ouvir pessoas mais experientes enriquece demais.
Deixo aqui os contatos do curso caso tenha interesse em saber mais:
Apneia Surf Brasil
https://apneiasurfbrasil.com.br
Rodrigo Villela
11 98106-2825
rodrigov_almeida@hotmail.com
Pode ser que o curso te ajude assim como me ajudou muito :D.
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